terça-feira, 6 de setembro de 2011

OS MALES DA CARREIRA ADOECEM 18 MIL PROFESSORES EM MINAS.

Por Cláudia Giúza - Jornal O Tempo online 05/09/2011.

A agressão e as ameaças de morte feitas por um aluno de 15 anos à diretora de seu colégio trazem à tona a falta de segurança e a fragilidade do sistema de ensino brasileiro. O caso aconteceu recentemente em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas retrata a realidade de grande parte dos profissionais da educação no país. A tensão no ambiente de trabalho é um dos motivos que adoecem os professores e, muitas vezes, os forçam a deixar a sala de aula. Em Minas, dos 183.296 professores estaduais, 8.859 foram transferidos para outras funções e 9.017 aguardam perícia médica - são 17.876 docentes afetados. A situação se repete na capital, onde 786 dos 10.499 servidores deixaram as salas de aula.

Maria*, 54, deu aulas de biologia por 23 anos em João Monlevade, na região Central, mas parou de lecionar por problemas de saúde. "Perdi a minha voz completamente e tive depressão. Não aceitava a minha incapacidade de fazer o que sempre amei", conta. Além dos problemas físicos, ela diz que a readaptação também trouxe danos psicológicos. "Me jogaram em uma biblioteca empoeirada e mofada. Antes, tinha um problema de voz e, agora, me sinto emocionalmente incapaz de desenvolver qualquer tipo de trabalho na escola", explica.

Depressão. A depressão não atingiu apenas Maria. A doença é uma das principais reclamações dos professores e é causada por diversos fatores, como a falta de estrutura e desentendimentos com pais e alunos. Foi assim com a professora de inglês Carolina*, de Diamantina, no Alto Jequitinhonha. Além do cansaço da rotina de aulas em duas cidades diferentes, a frustração da falta de estrutura para trabalhar lhe rendeu uma depressão e a síndrome do pânico. "A readaptação só piorou meus problemas de saúde. Somos excluídos até mesmo pelos colegas de profissão".

No caso de Marta*, 32, professora de história, a indisciplina e a política educacional foram os problemas. Há seis anos afastada, ela conta que tudo começou quando percebeu o baixo desenvolvimento dos alunos. "Comecei a ficar angustiada e recebi o diagnóstico. É triste perceber que seu aluno não sabe nem escrever direito devido à política que impede a reprovação. Isso acabou gerando muita indisciplina e a situação está incontrolável", conta.

Retaliação. Um professor da região metropolitana da capital, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que além da tristeza de deixar a sala de aula, os profissionais sofrem também pressão de seus superiores e até cortes salariais. No seu caso, a perseguição veio por parte da diretora da escola. "Eles não me falam nada e me colocam para fazer todo tipo de serviço. Já cheguei a repor papel higiênico nos banheiros. É muita humilhação". Ele ainda perdeu 20% do salário no chamado "pó de giz" e 5% de biênio, incentivos pagos apenas a professores que estão em sala de aula.

A mestre pela Universidade Braz Cubas, em São Paulo, Maria de Lourdes de Moraes Pezzuole desenvolveu uma tese sobre o assunto e confirmou que a depressão é muito comum entre os readaptados. Junto com ela estão problemas na voz e na coluna. A especialista afirma que, em boa parte dos casos, o problema poderia ser minimizado, o que não acontece porque é comum não haver qualquer acompanhamento médico e psicológico do profissional.

Maria de Lourdes é professora de educação física e também foi afastada. Após dois anos de tratamento, ela voltou para a escola, mas em outra função. No início do ano, após uma decisão judicial, ela conseguiu retornar à sala de aula. "Só estou dando aula porque o Estado teria que me pagar R$ 500 por dia fora de sala", conta.


Cansaço físico e mental atinge 93% dos profissionais da rede particular
Os professores da rede particular de Minas também são afetados por problemas relacionados à profissão. Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), em parceria com o Ministério do Trabalho, mostrou que, em 2009, 92,84% dos educadores reclamavam de cansaço físico e mental.
Também conforme o estudo, 82,58% da categoria afirmou que a exigência do cumprimento de prazos é o principal motivo para tornar o ambiente institucional ameaçador. Já a principal causa de desgaste, segundo 40, 25% dos entrevistados, é a relação aluno/professor.
O sociólogo e pesquisador em educação Rudá Ricci não se assusta com o resultado e diz que a educação no Brasil está doente. Ele afirma que faltam políticas de incentivo à docência e que os governantes se omitem diante dos problemas.
Ele aponta ainda outro problema: a pressão dos pais. "Os pais estão cada vez mais ausentes na criação de seus filhos. Eles pressionam psicologicamente os professores impondo que os profissionais supram a atenção e os limites que eles não conseguem colocar em casa", afirma Rudá Ricci. (CG)


* Os nomes dos entrevistados foram alterados para preservar suas identidades.

Postado por Sind-UTE Subsede Juiz de Fora

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

EDUCADORES OCUPAM A 18ª SUPERINTENDÊNCIA EM JUIZ DE FORA.

Mais uma atividade em Juiz de Fora aconteceu no 87º dia da greve dos educadores e educadoras da rede estadual em Minas Gerais. Desta vez, o Comando de Greve ocupou as dependências da 18ª Superintendência Regional de Ensino em Juiz de Fora.

Com faixas apitos e palavras de ordem, os educadores manifestaram toda a indignação porque sofrem e exigiram audiência com a Superintendente Maura Gaio. Uma Comissão foi composta para cobrar uma série de violações a princípios constitucionais, bem como a vários casos de assédio moral cometidos por algumas direções de Escolas Estaduais sob a responsabilidade da Superintendente.

As fotos e mais detalhes serão postados posteriormente. O certo é que estamos vencendo mais uma batalha! Não devemos parar e assim o faremos.

ESTUDANTES DA E. E. BATISTA DE OLIVEIRA MANIFESTAM APOIO AOS EDUCADORES EM GREVE.

Aconteceu neste dia 02 de setembro mais uma manifestação organizada por estudantes da rede estadual de ensino. Desta vez, estudantes da Escola Estadual Batista de Oliveira ocuparam as ruas de Juiz de Fora em mais uma manifestação de apoio aos trabalhadores da educação em greve desde o dia 8 de junho do corrente.

Gritando palavras de ordem, os alunos seguiram pela avenida 7 de Setembro em direção ao centro da cidade. Passaram pelo viaduto da Avenida Indepedência, pararam na porta da Escola Normal convocando os estudantes deste escola a se juntarem ao movimento e continuaram pela Avenida Independência até a Rua Batista e dela, para o calçadão da rua Halfeld.

Segundo alguns estudantes, "a aula vai ser na rua." Fica aqui o nosso reconhecimento aos estudantes pois perceberam que o Governo Anastasia é o único responsável por exatos 87 dias da greve dos educadores em Minas Gerais. Valeu moçada! Nota 10 para vocês!